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25 abril 2017

A LÍNGUA COMO SISTEMA

SISTEMA, NORMA, FALA

Tricotomia proposta pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, a partir da dicotomia saussuriana (língua/sistema – fala). Trata-se de três séries de características da língua, conforme o grau de abstração e de formalização: do mais abstrato (língua/sistema) ao mais concreto (fala) passando por um grau intermediário (norma).

Sistema (língua): conjunto de possibilidades verbais (abstratas), formado pelas unidades da língua (em uso ou possíveis de serem usadas), que se relacionam conforme regras preestabelecidas.
  • Essas regras são estabelecidas pela história e pelo desenvolvimento da língua, ou seja, pelos seus usuários da língua (e não, pelos gramáticos).
  • Só há alterações no sistema quando há adesão coletiva. As inovações não-consensuais ficam restritas a um grupo ou a um ou único falante (como os neologismos).
  • A língua é uma entidade social, comum aos membros de um grupo de falantes. Para poder se comunicar com usuário de outro sistema, o indivíduo deve usar um código linguístico reconhecível (mesmo que parcialmente) ao interlocutor.
Norma: noção proposta por Coseriu, que a definiu como um conjunto de realizações concretas e de caráter coletivo da língua; consiste nos padrões de uso, no modo como os falantes acessam o sistema (código linguístico).
  • A partir da norma, os falantes escolhem algumas possibilidades de realização da língua, descartam outras.
  • Por causa da norma, diferentes regiões de um mesmo território usam formas linguísticas distintas.
  • Trata-se de realizações consagradas pelo, pois são normais em uma dada situação linguística, prevista pelo sistema.
  • A norma preserva os aspectos comuns de uma comunidade de falantes e elimina tudo o que é inédito ou individual na fala.
  • Alguns deslocamentos da norma, quando se repetem, podem alterar o sistema (ex.: vossa mercê -> vosmecê -> você -> cê).
Tipos de Norma (variantes):
  1. diatópicas (variantes regionais): normas regionais dentro de um mesmo território (país ou estado);
  2. diastráticas (variantes culturais ou registros): normas ligadas à estratificação social; subdividem-se em norma culta padrão (ou nacional), norma coloquial (tensa ou distensa) e norma popular (vulgar).
- Alguns autores consideram ainda as variantes diafásicas, que se referem às modalidades expressivas (familiar, estilística, de faixa etária, etc.).

c) Fala: é o ato concreto de utilização do sistema (o uso individual da língua por parte dos falantes).
  • É a partir da fala que a língua (sistema) exerce seu papel de instrumento de comunicação.
  • A fala consiste em atos comunicativos praticados pelos falantes, transmitindo pensamentos, sentimentos, etc.
  • Por isso, representa sempre um ato individual.
  • Constitui o grau máximo de variação linguística.

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