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26 abril 2017

O PARÁGRAFO

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Margarida M. HENRIQUES, Antonio. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores. São Paulo: Ática, 1999, p.100-112.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 7.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978.

Os livros estão disponíveis para download no menu "TEXTOS EM PDF".

Os textos em prosa (narrativos, descritivos ou dissertativos) são estruturados em unidades menores, os parágrafos.

DEFINIÇÕES
Unidade mínima de significação do texto, que apresenta uma ideia básica, à qual se agregam outras ideias secundárias, relacionadas pelo sentido. ANDRADE; HENRIQUES, 1999, p.100).
Unidade de composição, constituída por um ou mais de um período em que desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela" (GARCIA, 1978, p.203).

Nessas definições, a unidade é um princípio de estruturação, segundo o qual um parágrafo constitui um todo organizado em torno de uma ideia central.

Por definição, um parágrafo deve ter apenas uma ideia nuclear.

Um texto deve sempre abordar um mesmo assunto. Quando se muda de parágrafo, portanto, não se muda de assunto, mas sim de argumentos, aspectos de abordagem ou do evento narrado etc. Para cumprir essa exigência da comunicação verbal, o parágrafo deve apresentar quatro condições básicas:

CONDIÇÕES PARA A COMPOSIÇÃO DO PARÁGRAFO
  • Unidade: manutenção de apenas uma ideia principal – as ideias secundárias servem para reforçá-la.
  • Coerência: relação de sentido entre a ideia principal e as secundárias.
  • Concisão: apresentação das ideias de modo objetivo.
  • Clareza: apresentação clara dos argumentos ou fatos (escolha de palavras, construção sintática etc.).
ESTRUTURA

O parágrafo é considerado um microtexto. Sua estrutura deve conter, portanto, introdução, desenvolvimento e conclusão (em alguns casos).

Para garantir um parágrafo bem estruturado, deve-se delimitar claramente o aspecto (o quê?) e o objetivo (para quê?) da abordagem.


  • INTRODUÇÃO: ideia principal a ser abordada. Geralmente (mas não obrigatoriamente) corresponde ao tópico frasal (TF) do parágrafo, embora isso não seja uma regra.
  • DESENVOLVIMENTO: desdobramento do tópico frasal. Trata-se da organização das ideias secundárias, observando as condições de composição (unidade, coerência, concisão e clareza). 
  • CONCLUSÃO: consideração(-ões) sobre o tópico frasal. Não é uma condição para todos os tipos de parágrafo, mas é obrigatória no parágrafo final do texto. “Nem todos os parágrafos apresentam uma conclusão explícita, principalmente os que contêm encadeamento inerente ao desenvolvimento do tema” (ANDRADE; HENRIQUES, 1999, p.101).

DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO 

Há diversas formas para se desenvolver um parágrafo. Não há uma estrutura fixa, mas há alguns modelos mais usados:

  1. TF (tópico frasal) + explicitação: as ideias secundárias apresentam, com outras palavras, explicações do que foi exposto pelo TF. 
  2. TF+ ordenação por causa e consequência: as ideias secundárias apresentam razões e/ou desdobramentos do que foi exposto pelo TF. 
  3. TF+ ordenação por contraste: as ideias secundárias se estruturam pela antítese. 
  4. TF+ ordenação por enumeração: as ideias secundárias constituem uma lista (de fatores, nomes, eventos etc.). 
  5. TF+ exemplificação: as ideias secundárias ilustram o que foi exposto pelo TF. 
  6. TF (pergunta) + respostas: as ideias secundárias constituem respostas à pergunta elaborada pelo TF.

25 abril 2017

USO DA EXPRESSÃO "O (A) MESMO (A)"

Encontrei um ótimo texto, esclarecendo a questão do uso da expressão "o(a) mesmo(a)", assinado por Vania Duarte, profissional da área de Letras:


"Diante do questionamento expresso no título, há que se ressaltar acerca de uma recorrente prática linguística – o uso de “mesmo” na função pronominal, ou seja, quando esse é usado no intuito de substituir pronome ou substantivo. Você mesma (o) já o utilizou?

Se sim, está na hora de compreender que se trata de uma colocação inadequada. Mas vejamos então alguns exemplos que nos permitirão compreender melhor como realmente o fato se dá:
...

O texto completo pode ser acessado aqui

A LÍNGUA COMO SISTEMA

SISTEMA, NORMA, FALA

Tricotomia proposta pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, a partir da dicotomia saussuriana (língua/sistema – fala). Trata-se de três séries de características da língua, conforme o grau de abstração e de formalização: do mais abstrato (língua/sistema) ao mais concreto (fala) passando por um grau intermediário (norma).

Sistema (língua): conjunto de possibilidades verbais (abstratas), formado pelas unidades da língua (em uso ou possíveis de serem usadas), que se relacionam conforme regras preestabelecidas.
  • Essas regras são estabelecidas pela história e pelo desenvolvimento da língua, ou seja, pelos seus usuários da língua (e não, pelos gramáticos).
  • Só há alterações no sistema quando há adesão coletiva. As inovações não-consensuais ficam restritas a um grupo ou a um ou único falante (como os neologismos).
  • A língua é uma entidade social, comum aos membros de um grupo de falantes. Para poder se comunicar com usuário de outro sistema, o indivíduo deve usar um código linguístico reconhecível (mesmo que parcialmente) ao interlocutor.
Norma: noção proposta por Coseriu, que a definiu como um conjunto de realizações concretas e de caráter coletivo da língua; consiste nos padrões de uso, no modo como os falantes acessam o sistema (código linguístico).
  • A partir da norma, os falantes escolhem algumas possibilidades de realização da língua, descartam outras.
  • Por causa da norma, diferentes regiões de um mesmo território usam formas linguísticas distintas.
  • Trata-se de realizações consagradas pelo, pois são normais em uma dada situação linguística, prevista pelo sistema.
  • A norma preserva os aspectos comuns de uma comunidade de falantes e elimina tudo o que é inédito ou individual na fala.
  • Alguns deslocamentos da norma, quando se repetem, podem alterar o sistema (ex.: vossa mercê -> vosmecê -> você -> cê).
Tipos de Norma (variantes):
  1. diatópicas (variantes regionais): normas regionais dentro de um mesmo território (país ou estado);
  2. diastráticas (variantes culturais ou registros): normas ligadas à estratificação social; subdividem-se em norma culta padrão (ou nacional), norma coloquial (tensa ou distensa) e norma popular (vulgar).
- Alguns autores consideram ainda as variantes diafásicas, que se referem às modalidades expressivas (familiar, estilística, de faixa etária, etc.).

c) Fala: é o ato concreto de utilização do sistema (o uso individual da língua por parte dos falantes).
  • É a partir da fala que a língua (sistema) exerce seu papel de instrumento de comunicação.
  • A fala consiste em atos comunicativos praticados pelos falantes, transmitindo pensamentos, sentimentos, etc.
  • Por isso, representa sempre um ato individual.
  • Constitui o grau máximo de variação linguística.

ESTUDOS DA LINGUAGEM

AS CONTRIBUIÇÕES DE FERDINAND DE SAUSSURE

O linguista suíço Saussure lançou as bases para o que hoje chamamos de Linguística. Suas anotações de aula foram compiladas e publicadas na obra Curso de Linguística Geral (1916), resultado das aulas ministradas na Universidade de Genebra, entre 1907 e 1911.

Antes das ideias de Saussure, a investigação estava circunscrita aos estudos da gramática (como reguladora do uso da língua) e da filologia (a partir do história das línguas). Saussure propôs um novo paradigma para estudar a linguagem verbal, para além da normatividade e da história (estudo diacrônico).

Saussure investiga a língua a partir do estudo sincrônico, considerando a comunicação verbal em um dado momento de sua história. Assim, ele se concentra no funcionamento da língua, propondo-a como sistema, isto é, como um conjunto de elementos (signos) que têm determinadas funções e se comportam em relação uns aos outros, em uma estrutura.

SAUSSURE, 2006 [1916], p.24

11 abril 2017

PROGRAMA DO CURSO

Já está disponível neste link o programa do curso (com ementa da disciplina).